A resposta é sim, inclusive neste momento de isolamento social esses sintomas são mais fortes.
“A Tontura Percentual Postural Persistente é uma doença que ainda hoje é muito pouco diagnosticada, ou seja, acontece muito, mas não tem o seu devido reconhecimento. Esse fato faz com que muitas pessoas acabem tratando de problemas como labirintite e não desenvolva nenhuma melhoria no quadro, justamente porque o diagnóstico se encontra equivocado, uma vez que o tratamento para a tontura perceptual postural persistente é muito específico”, ressalta Dr. Saulo Nader, neurologista do Albert Eisntein e USP, apelidado carinhosamente pelos pacientes como Doutor Tontura.
Segundo Nader, uma das coisas que uma pessoa que sofre de tontura perceptual pode sentir é uma tontura estranha, sendo essa, sensações que as pessoas que sentem essa doença sentem dificuldade em verbalizar, em traduzir para palavras aquele incomodo que elas estão percebendo, por exemplo, o indivíduo pode sentir a sensação de cabeça enevoada, de cabeça nublada, de cabeça lesada, cabeça está grande ou pequena, uma sensação de estar flutuando ou com a cabeça oca, com uma sensação se formigamento na cabeça ou que as coisas ao redor se movimentando, fazendo com que sinta a visão não muito estável.
“Muitos pacientes acabam usando o termo névoa cerebral, uma vez que sentem uma sensação de estranhamento na cabeça. Dessa forma, tontura esquisita ou estranha é considerada uma das características dessa doença. A segunda coisa é a dificuldade para caminhar ou insegurança, acometendo principalmente pessoas que normalmente nunca apresentou grandes desequilíbrios ao ponto de cair, mas acabam sentindo muita insegurança para caminhar, pois sentem uma sensação de instabilidade, fazendo com que os passos fiquem titubeantes na maioria das vezes”, explica o neurologista.
Para Dr. Saulo também é comum que essas pessoas tenham que se segurar em outras pessoas ou objetos, necessitando de ter suporte para caminhar em alguns locais, além de muitas vezes essa sensação de desequilíbrio acabar piorando em algumas condições.
Mas porque existe uma correlação entre o emocional e esse tipo de tontura? Segundo Doutor Tontura, é comum que quem sofre com essa tontura apresentar uma piora nos sintomas quando o emocional não se encontra bem.
A ansiedade gera mais tontura e quanto mais tontura, mais ansiedade, de forma a entrar em um círculo vicioso.
Já uma característica bem particular da tontura perceptual ou vertigem fóbica é uma entidade chamada de vertigem visual, fazendo com que todos os sintomas já expostos piorem muito em ambientes mais complexos visualmente, ou seja, com muita informação visual, muito poluído visualmente, a exemplo o mercado em que a gente tem aquelas luzes muito brancas, prateleiras coloridas, pessoas e carrinhos passando a todo momento.
Nader comenta que também temos as calçadas lotadas em que há carros passando, semáforos, árvores, postes. Há ainda locais com decorações muito pesadas, com tapetes muito coloridos, sofás muito estranhos, luzes muito fortes; feiras com muitas pessoas; estações de trem ou metrô e tantos outros no mesmo seguimento.
De acordo com Dr. Saulo, muitas vezes o gatilho inicial para desenvolver o problema da tontura perceptual foi uma outra doença que também gerou tontura na pessoa no passado, como a doença dos cristais soltos no labirinto ou uma Neurite vestibular ou uma doença de menière e mais tarde, secundário a esse problema, o indivíduo acaba desenvolvendo a tontura perceptual, ou seja, muitas vezes a tontura perceptual acaba sendo uma complicação mais tardia de alguma outra doença que gera vertigem e que a pessoa apresentou em algum outro momento.
Existe Tratamento? Na maioria das vezes, tem como fazer um tratamento eficiente, pois hoje é entendido que esse problema trata-se de um distúrbio químico do cérebro.
“Nesse caso, se for feito o diagnóstico correto e um tratamento utilizando medicações bem escolhidas para normalizar a parte química cerebral, será possível ter uma melhora importante dos sintomas e, muitas vezes, alcançar uma recuperação completa. Outro aliado além da medicação é a terapia, já que existe uma estreita relação da doença com o emocional e em outros casos a fisioterapia vestibular ou fisioterapia focada em equilíbrio pode ajudar também em alguns casos”, finaliza Doutor Tontura.
Fonte: Dr. Saulo Nader, neurologista do Albert Einstein e USP