Apesar da crescente preocupação em relação aos impactos na saúde e no meio ambiente causados pelas garrafas plásticas, a verdade é que elas ainda estão muito presentes em nosso cotidiano. Quando você compra uma garrafa de água, provavelmente não joga ela fora depois de esvaziá-la, mas continua reutilizando por dias ou até semanas. Claro que, do ponto de vista ecológico, essa seria a atitude mais correta (ou menos pior, já que o melhor mesmo seria não comprá-la), mas será que isso traz algum prejuízo à nossa saúde?
Diversos estudos tentaram responder a essa questão. Enquanto cada um analisou diferentes riscos oferecidos por essas embalagens, a conclusão final é que não existe um consenso. O que a maioria deles indica, no entanto, é que é possível, sim, reutilizar as garrafas, e que o verdadeiro perigo está nas contaminações causadas por agente externos, e não pelo material plástico em si.
Antes de mais nada, vale lembrar que a maioria das garrafas de água são feitas de Polietileno tereftalato, daí o nome “PET”. Você já deve ter lido em algum lugar ou ouviu falar que essas embalagens reutilizadas podem causar câncer devido às substâncias químicas liberadas pelo plástico. Mas não é bem assim.
Uma dessas substâncias preocupantes é o bisfenol A (BPA), que é capaz de afetar o sistema endócrino, alterando nosso metabolismo e capacidade reprodutiva. Por isso, as garrafas e mamadeiras vendidas como “livres de BPA” se popularizaram. No entanto, o que alguns estudos indicam é que a concentração desse composto nas garrafas plásticas é extremamente baixa (5 nanogramas por litro) ou até mesmo inexistente.
Outro químico que causa preocupação é o chamado antimônio, utilizado na produção de garrafas PET. Apesar de não ser considerada uma substância cancerígena, ela ainda pode causar vômitos e diarreia. De forma similar, um estudo de 2008 revelou que a quantidade de antimônio liberada pelo plástico com o tempo varia entre 0,195 ppb (partes por bilh&a tilde;o) e 0,226 ppb após três meses a 22 graus Celsius. Ele é considerado um risco à saúde em concentrações a partir de 6 ppb.
Apesar disso, a pesquisa de 2008 ressalta um ponto importante. O antimônio ainda pode representar um perigo no caso de altas temperaturas. Quando as garrafas plásticas foram expostas a 60 graus Celsius, a concentração de antimônio atingiu o marco de 6 ppb em 176 dias. No entanto, ao aumentar para 80 graus Celsius, esse período foi reduzido a apenas 1,3 dia.
Obviamente, essas temperaturas são extremamente altas. Ainda assim, o estudo soa um alerta para aqueles que vivem em regiões quentes e costumam reutilizar garrafas que ficaram expostas ao sol por muito tempo.
Já em relação ao microplástico, que está presente em 93% da água engarrafada, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que os dados atuais não apontam para um risco significativo à saúde humana.
O que pode realmente prejudicar a saúde das pessoas é a contaminação externa, mostram as pesquisas. Considerando que as garrafas PET são relativamente frágeis e acabam apresentando pequenas rachaduras após muito tempo de uso, elas podem se tornar muito suscetíveis a bactérias.
As garrafas plásticas oferecem um ambiente ainda mais convidativo se o interior estiver úmido. Outro fator que contribui para a contaminação é, novamente, a temperatura. De acordo com um estudo, uma única colônia por mililitro pode crescer para 38 mil colônias em apenas 48 horas se a garrafa for mantida a 37 graus Celsius — uma temperatura que não é difícil de ser atingida em países como o Brasil.
Diante disso, a principal conclusão é que as garrafas plásticas podem, sim, ser reutilizadas, mas é preciso tomar um cuidado especial em regiões quentes e sempre mantê-las higienizadas, trocando-as sempre que necessário. O melhor mesmo é optar por outros materiais, como o vidro, tanto para o bem da sua saúde como do meio ambiente. Porém, na falta de opções, é importante estar consciente das limitações das garrafas PET.
Fonte: gizmodo.uol.com.br
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