Os Parques Naturais da cidade de São Paulo utilizam o bambu de várias formas, seja nas trilhas em estruturas de passarelas, cercamento, corrimão e parapeito, ou mesmo em utensílios diversos como poleiros para pássaros, ninhos, “condomínio” para abelhas solitárias, bastão de trilhas e utilização doméstica. Para que este material natural renovável possa durar mais tempo, ele deve ser tratado a fim de evitar que os chamados insetos xilófagos (que se alimentam da madeira, como cupins, vespas e besouros) o consumam rapidamente, em até seis meses. O bambu tratado prolonga seu tempo médio de utilização em pelo menos oito vezes (4 anos ou mais). A cerca de bambu suspensa na garagem da administração do Parque Nacional Municipal Itaim, em Parelheiros, já tem mais de sete anos, por exemplo.
O tratamento do bambu é feito por uma técnica de cozimento por vapor d´água e por cozimento ou carbonização por fumaça de lenha, auxiliando na retirada de sais e principalmente de açúcares contidos na planta, que atraem os insetos xilófagos. Como os açúcares são diluídos, cupins se sentem menos atraídos – como se fosse comer um doce sem açúcar, perde a graça.
O engenheiro florestal e coordenador dos Parques Naturais Municipais, Marcelo Mendonça, explica que essa técnica do bambu teve início por ideia de um antigo carpinteiro, Dirceo Domiciano (hoje falecido). “Quando discutíamos sobre o que fazer para o bambu durar mais tempo, ele nos contou que a técnica de cozinhar o bambu no vapor era usada por familiares nas antigas fazendas da região onde morou. Então montamos a primeira estrutura, constituída por um tambor de metal de 200 litros sobre uma estrutura de tijolos em forma de forno onde era colocado fogo”, conta.
Dirceo Domiciano – pioneiro no tratamento de bambu nos Parques Municipais Naturais
Marcelo detalha que esse tambor era então completado com água e havia uma ligação por canos com quatro tambores conectados uns aos outros. Nessa linha de tambores soldados colocava-se bambus com comprimento médio de três metros e eram cozinhados no vapor por até cinco dias. Quando retirado, o processo de secamento à sombra era feito por uma semana.
Atualmente, há outra técnica desenvolvida usada por produtores de carvão vegetal, que estavam com problemas em relação à fumaça gerada nos fornos. Além de tratar a madeira com o vapor d´água, também é aproveitada a estrutura já existente quando a fumaça da queima da lenha é direcionada para um outro segmento de tambores, com a fumaça que carboniza o bambu – protegendo-o dos insetos. Esse tratamento gera o chamado líquido pirolenhoso. Os bambus são mergulhados neste líquido para que, por osmose, também recebam um tratamento eficaz de conservação.
O tratamento do bambu é realizado o ano inteiro, mas sempre depois da colheita, com a lua minguante, pois as plantas estão com menor quantidade de água no organismo. Fonte: capital.sp.gov.br
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