O chamado serviço de inteligência é, na verdade, conhecido vulgarmente como serviço de espionagem.
Sendo ele uma das atividades humanas mais antigas, foi utilizado, durante muito tempo, nas guerras e na sobrevivência humana, especialmente, neste caso, na caça e na pesca. Os Homens da antiguidade, precisavam a todo custo preservar seus territórios conquistados para obter alimentos e abrigar suas famílias. Todo tipo de ataque era possível e ter informações sobre o inimigo era crucial. Só assim, conseguiria combater os agressores de igual para igual ou com a superioridade necessária para alcançar a vitória.
Com isso, nasciam os primeiros espiões.
Gente incumbida de descobrir segredos importantes a tempo de se contrapor a ataques surpreendentes. Esses indivíduos não só espiavam a distância seus antagonistas como, também, infiltravam se nas comunidades inimigas, devidamente disfarçados, para obter informações úteis para depois combatê-los.
Com o tempo, modernas estratégias foram criadas para exercer a espionagem, em especial durante as duas grandes guerras mundiais. Os setores militares passaram a dar maior importância a essa técnica de obtenção de conhecimento, assim como constataram que, além de espionar, tinham também que evitar serem espionados, sendo criadas as técnicas de contraespionagem.
No pós-segunda grande guerra, duas potências mundiais se destacaram: os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas, ambas temiam a guerra entre si pois, as duas mantinham arsenais nucleares suficientes para acabar com a vida na Terra. Diante disso, as duas nações investiram nos seus serviços secretos de espionagem (à época CIA e KGB) que influenciaram muitos outros países na construção de suas agências secretas.
Esse período, denominado “Guerra Fria”, permeou o mundo de espiões ligados direta ou indiretamente aos interessem dos EUA e outros aos interesses da URSS. Atentados, explosões, sequestros e mortes eram de certa forma comuns nesses meios de espionagem e contraespionagem. Chegaram inclusive a influenciar Hollywood que produziu franquias como a de “007“, “o superespião inglês James Bond”, que é famoso ainda hoje.
Passada a “Guerra Fria”, a espionagem tradicional foi aos poucos perdendo lugar para a tecnologia, seja a da informação ou a das telecomunicações. Nos dias de hoje, interceptar dados é mais producente do que operações de inteligência em campo e, inclusive, mais seguro e mais barato.
Todos os países desenvolvidos criaram seus setores de espionagem eletrônica e alguns deles, em conjunto, como é o caso do grupo formado pelos EUA, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, levaram a cabo projetos de espionagem de telecomunicações intercontinentais (Projeto Echelon).
Nos Estados Unidos, a agência de inteligência governamental mais importante é a NSA, que criptografa dados sensíveis para o governo americano, monitora outras comunicações estrangeiras e usa dados obtidos em satélites para criar relatórios de inteligência.
Logicamente, num mundo globalizado e de tecnologia avançada, não só os setores militares, governamentais e de estratégia de um país estão sob risco. Todos os países concorrem de uma forma mais ou menos efetiva no cenário mundial. Seja na produção de matéria prima, de extração mineral e vegetal, da produção de alimento e energia e na propriedade intelectual, as nações buscam conhecer seus concorrentes e estar à frente dos demais.
Logicamente, por conta do exposto, as empresas ficam sob risco de ataques e precisam salvaguardar o conhecimento sensível. Ainda, algumas empresas acabam por lançar mão de técnicas que buscam dados negados em seus concorrentes. Por óbvio, isso acontece nos cenários internacionais onde são realizados negócios magníficos, mas, ainda nos ambientes internos dos diversos países, entre concorrentes estabelecidos num mesmo país.
As mesmas medidas de proteção usadas pelos Estados para evitar a espionagem estrangeira, são usadas pelas empresas.
A cada dia, inúmeros ataques a empresas praticados por concorrentes desleais são registrados. Dentre eles, a criação de contas Fakes nas redes sociais para maldizer falsamente um produto ou serviço; fraudes e desvios praticados por quadrilhas cibernéticas; furto e destruição de bancos de dados fundamentais para uma empresa; informações falsas sobre executivos e projetos; cooptação de funcionários-chave para fornecer segredos corporativos, extorsões diversas e ataques cibernéticos com pedido de “resgate em criptomoedas” são alguns dos muitos atentados.
As perdas passam de trilhão de dólares, apenas no ano de 2021 em todo o mundo.
Esse é o mundo real da espionagem contemporânea e o serviço de inteligência no ambiente corporativo passou a ser uma obrigatoriedade em maior ou menor grau, haja visto que, recentemente no Brasil, foi promulgada a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD que obriga a proteção de dados de pessoas físicas armazenados por pessoas jurídicas.
A propósito, com a evolução constante da tecnologia, o serviço de inteligência no ambiente corporativo é uma constante no dia a dia das empresas.
Vejamos no futuro próximo, quais serão as novidades nesse segmento tão instigante, que é o Serviço de Inteligência.
Clóvis Ferreira de Araújo
Presidente da BCI – Bureau of Corporative Intelligence