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Técnica em enfermagem aposta nas artes plásticas para estimular pacientes

Para a técnica em enfermagem Benedita da Silva, saúde e arte caminham juntas. Colaboradora há 24 anos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ligada à Prefeitura de São Paulo, ela se orgulha especialmente do projeto “Pintando o sete”, que implantou no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Itaim Bibi em 2003 e que funciona até hoje.
Motivada pelos grupos terapêuticos de acompanhamento aos usuários, decidiu estimular os pacientes ociosos a explorarem sua criatividade. Benedita começou com crochê, expandiu para pintura em tecido e depois fez um curso de artes plásticas para complementar seu conhecimento e abranger mais técnicas.
Gradativamente, as reuniões começaram a receber mais atenção e a participação de outras unidades, além de conquistar uma verba para financiar os materiais, que antes eram adquiridos por meio de rifas. “A arte, assim como a saúde, promove bem-estar e equilíbrio. Ajuda muito na recuperação dos pacientes”, afirma.
Uma das histórias que relembra com emoção é a de uma paciente do Caps que, mesmo sem nunca tê-la visto antes, imediatamente passou a chamá-la de “mãe”. “Acho que pelo fato de cuidarmos das pessoas, de acolhê-las, muitas vezes elas enxergam em nós uma figura materna. Os pacientes recebem isso como um tesouro”, comenta.
“Sinto que estou fazendo uma contribuição para a sociedade e isso me completa”, acrescenta a matriarca. Ela tem três filhos biológicos, mas conta que a família é grande, pois se estende aos sobrinhos e netos – dois deles adotados por ela porque os filhos não puderam cuidar.
Mesmo após sair do Caps Itaim Bibi, onde trabalhou de 2002 a 2015, Benedita segue participando das reuniões do grupo como coordenadora técnica, com o intuito de dar continuidade ao projeto. Hoje com 66 anos de idade, a aposentadoria se apresenta como um caminho, depois de tantos anos de dedicação à saúde pública. “Faço porque gosto, fiz o que eu pude e acho que já fico tranquila em me aposentar sabendo que fiz a diferença na vida de alguém”, relata ela, que ainda não sabe ao certo quando vai aposentar o jaleco.
Atualmente funcionária da Unidade Básica de Saúde (UBS) Alto de Pinheiros, está na rede municipal de saúde desde 1996. Começou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria (Pirituba), na zona norte da capital e em 1998 passou a integrar a equipe do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, na Bela Vista, região central, onde permaneceu até ir para o Caps Itaim Bibi.
Para ela, viver, morar e trabalhar em São Paulo é uma vitória. Nascida no Paraná, perdeu sua mãe com 7 anos de idade e o pai decidiu levá-la para morar com outra família. Após algum tempo, não conseguiu se adaptar e com 11 anos foi morar com uma tia em Ourinhos, no interior de São Paulo. Depois de quatro anos, aos 15, Benedita engravidou de seu primeiro filho e foi expulsa de casa. Por isso, veio para São Paulo tentar uma oportunidade de trabalho.
Quando chegou à cidade, não tinha moradia fixa e viveu um tempo em uma instituição que abriga mães para se estabelecer e conseguir um emprego. Trabalhou como cozinheira até se formar como técnica em enfermagem, em 1980, e passar a atender pacientes em domicílio. De 1987 a 1996, atuou em hospitais da rede privada.
Ela conta que sempre focou na vontade de trabalhar com atendimento às pessoas e nunca desistiu de seus objetivos. “Para mim não conta o que eu sofri, mas sim o que eu transformei a partir disso”, diz.
Benedita conta que ama o trabalho voluntário que realiza na Festa de Atividades Desportivas, evento anual que reúne todos os Caps da capital. Ela faz a macarronada e tem orgulho de ser uma das organizadoras. Além disso, seu principal escape da rotina é a própria arte, por isso se considera feliz com a possibilidade de transmitir sua paixão às outras pessoas no “Pintando o sete”.
Fonte: prefeitura.sp.gov.br

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